sábado, 18 de outubro de 2008

Protesto

Na entrada anterior em que falei do casamento dos homossexuais, parece ter causado alguma polémica. Um senhor que se identificou por Paulo, poderia ser o Manuel, protestou dizendo que o casamento é um sacramento logo sagrado e abençoado por Deus.
Ora eu não falei do casamento de homossexuais enquanto sacramento religioso, apenas como um contrato.
Para que não pense que eu sou um ateu e revolucionário no sentido de fazer uma guerra, tenho a dizer que tive uma educação cristã e que continuo a acreditar em Deus. Até aos vinte e cinco anos ia à missa quase todos os domingos, cheguei a ser aspirante a padre e fui catequista. Afastei-me, porque vi muita hipocrisia à minha volta.
Pelo facto de eu ter uma deficiência visual, fui posto de lado em muitos lado, incluindo na igreja onde nem me deixaram ser escuteiro, ora uma pesoa doente ou deficiente nunca pode ser posta de lado, muito menos na igrja que diz ser de Deus..
às vezes ainda vou à igreja sozinho e em silêncio rezar e reflectir no real sentido da vida e foi por isso que eu também decidi começar a escrever livros e blogs. Aliás a minha escrita reflecte a minha religiosidade e o sentido da vida humana, além de ser uma reflexão sobre a injustiça que paira sobre o mundo. Apesar de eu dificilmente vir a ter mérito em Portugal, dado que a comunicação social só considera quem quer, acredito que a médio prazo, irei escrever coisas que irão chamar À atenção e talvez indignar muita gente.
O que eu não posso ver é cenas como a que vi recentemente numa cidade portuguesa em que um deficiente físico, provavelmente sem emprego e excluído da sociedade pedia junto da igreja, milhares de pessoas passaram, muitas das quais foram lá dentro bater com a mão no peito, porém aquele filho de Deus, nosso irmão foi visto com indiferença, exceptuando por três ou quatro pessoas que lhe deram esmola, como eu.
Na igreja aprendi que Deus ama todos os meus filhos, seja branco ou negro, mais velho ou mais novo, forte ou fraco, contudo muitos católicos são elitistas, julgando-se donos da verdade, lembre-se da parábola do farise e do publicano e de qual deles saiu justificado perante Deus.
Muitos políticos e gestores de bancos pertencem ao Ópus Dei, no entanto se olharmos para aquilo que fizeram nos seus cargos, vemos que se pautaram por uma grande dose de desumanidade, além disso, sao elitistas e só falam com os da elite e na comunicação social.
Politicamente sou independente, mas sou de esquerda, em tempos já fui do PSD porque eles diziam-se católicos, mas no poder defendem quem? Os ricos, os banqueiros e agora quando chegarem ao poder querem privatizar a segurança social e obrigar-nos a descontar trinta por cento para um fundo para aplicar na bolsa.E depois se as coisas correm mal, como é? De quem é a responsabilidade? Como é que ficam os descontos das pessoas? Mas a verdade é que o PSD, tal como os outros partidos de direita, é um partido de ricos e para ricos. Não sou contra aos ricos desde que estes enriqueçam à custa do trabalho e do investimento e nunca à sombra da fama, da exploraçao, da especulação, etc. Por exemplo, se eu enriquecesse devido a um livro que tinha escrito, bom seria à custa do meu trabalho, do meu esforço.
O que eu abomino é a injustiça, o privilegiar sempre os mesmos, o excluir os mais fracos, o racismo, a xenofobia, etc.
Tal como o fundador dos irmãos de Emaús, um padre Francês recentemente falecido, não é justo que alguns seres humanos vivam em manções de luxo, por vezes através da corrupção, da expeculação financeira, da exploração dos trabalharores, enquanto milhões de seres humanos vivem em barracas onde os ratos vêm roer os dedos dos bébés, isso não é justo, tal como não é tanta gente sem teto para dormir, tanta criança no mundo sem amor de pai nem mãe. Milhões de pessoas a vive rcom menos de um dólar por dia. A importância que se dá ao dinheiro em detrimento do ser humano e d restante natureza. Vinte e cinco mil pessoas que morrem de fome todos os dias em todo o mundo, etc. para já não falar do flagelo da droga, da violência, etc.
E agora pergungo a quem acredita em Deus: será que ele está contente com tudo isto? Não será que nós homens e mulheres que habitamos este planeta estamos a condenar-nos a nós próprios devido aos nossos egocentrismos e ganâncias. Secalhar todos nós temos que reflectir no que andamos cá a fazer neste mundo, incluindo aqueles que por pertencerem a uma religião (qualquer uma)se julgam serem os donos da verdade.Somos todos filhos de Deus e pertencemos todos à mãe terra.

1 comentário:

José Dourado disse...

E acrescento eu, meu caro Luís, para que o senhor Paulo não fique na penumbra: sou ateu e revolucionário. Esta diferença de adjectivos, porém, não nos desvia de algo que nos é comum: a denúncia das injustiças sociais e o desejo de uma radical mudança de sociedade. No caso do casamento homossexual, trata-se apenas de exigir que um direito constitucional possa ser exercido por todos os cidadãos, independentemente das suas orientações sexuais.