sexta-feira, 13 de março de 2009

Descontentamento

Ontem, em Lisboa, decorreu mais uma manifestação organizada pela CGTP. Aquela multidão serviu para todos nós reflectirmos sobre o que se está a passar em Portugal em que o governo, os banqueiros, os gestores e os os grandes empresários estão a oprimir o povo trabalhador e a levar o país para um precipício económico e um caos social. Depois vêm para a televisão com cara de pouca vergonha dizer que não há alternativas a esta situação e que tem de ser assim em nome do país. claro que há alternativas e é evidente que isto não é para bem de Portugal, mas sim para bem de meia dúzia de capitalistas e destes governantes que vivem à nossa custa. Nós pagamos o ordenado aos governantes, através dos impostos e nós é que os elegemos e eles depois tratam-nos mal e não olham aos meios para atingir os fins.
O que é que podemos fazer?
Existem muitas e variadas formas, em primeiro lugar temos as manifestações e as greves, mas como isso não resolve nada temos a arma secreta que é o voto. Com este podemos não só censurar a política vigente como também encontrar alternativas.
Com as eleições legislativas deste ano podemos retirar a maioria absoluta ao PS que usurpou o poder que lhe deram em 2005, porque na época os portugueses consideraram que era a última esperança, dado que não queriam mais direita em Portugal. Mas Sócrates e a sua equipa fizeram entenderam com as pessoas não só os funcionários públicos, mas também com os trabalhadores do sector privado, pois agora o PS criou um código de trabalho pior que aquele que já estava.
No entanto, temos de reflectir em quem devemos votar, pois partidos perfeitos não temos, até porque são todos organizações constituídas por homens e mulheres, logo falíveis. Contudo, temos de ter em atenção aquilo que os partidos defenderam e defendem e o que fizeram no governo no passado.
Do PS nem vale a pena falar, pois a sua política nos últimos quatro anos foi tão má que nem é digna de registo. A direita teve no governo entre 2002 e 2005, apesar de em algumas matérias não ter ido tão longe como este governo, também fez uma política neoliberal, em muitos aspectos semelhante à actual.
Eu sou suspeito, porque sou um homem de esquerda, embora sem filiação partidária e um crítico dos partidos, apesar de saber que eles são necessários.
Não sou dono do voto de ninguém, nem vou zangar-me com ninguém por se abster ou por ter votado neste ou naquele partido, no entanto aconselho a quem for votar nas legislativas a reflectir de forma a não dar a maioria ao PS e a votar à esquerda, CDU e BE. Muitos poderão dizer que esses partidos não servem para governar, não sabemos, o discurso deles tem sido coerente no sentido de apoiar os mais desfavorecidos, revogar o código de trabalho, alterar algumas leis que passaram a reger a administração pública.
Numa coisa eu sou muito claro, para mim não se deve dar a maioria absoluta a partido nenhum e qualquer partido merece ser punido se governar contra ao povo. Eu sou de esquerda, mas penalizo qualquer política que vise a injustiça e a repressão. Para mim não é justo que uma minoria de pessoas que se julga intelectualmente superior apenas porque tem poder político ou económico se julgue no direito de fazer o que quer.
Em Portugal não se pode dar a maioria absoluta a ninguém, porque os ministros e secretários de Estado abusam do poder, não ouvem os conselhos de ninguém, a não ser do primeiro-ministro ou um ou outro lobbie poderoso. Nós tivemos duzentos anos de absolutismo e de inquisição e quarenta e oito de fascismo e,infelizmente, alguns tiques autoritários ficaram enraizados na nossa cultura, pois eles acontecem não só nos governos, mas também em algumas empresas e organismos públicos.
Até aos anos oitenta, na Europa, os governos ainda pensavam um pouco nas pessoas, porque tinha havido duas grandes guerras, ditaduras fascistas e havia medo do papão do comunismo, porém as pessoas já se esqueceram e agora neste mundo de economia neoliberal julga-se que vale tudo.
Agora os trabalhadores em geral, sobretudo operários agricultores, funcionários públicos, sobretudo professores, mas também polícias, enfermeiros e ainda as pessoas com deficiência a quem aumentaram o IRS, negando ajudas técnicas, não eliminaram as barreiras arquitectónicas e negaram-lhes trabalhos mais perto da residência - quanto às crianças com deficiência têm de se deslocar do seu seio familiar para as escolas de referência que muitas vezes ficam longe de casa; não existem professores do ensino especial suficientes, sobretudo para as crianças cegas e os computadores Magalhães e-escolas não lhes foram entregues com o software específico para elas que não vêem, apenas meia dúzia no ano passado em Viseu em fente da comunicação social - certamente que, na sua maioria, não irão votar PS. Para essas pessoas votar PS é votar no seu suicídio profissional e pessoal.
Além dos números do orçamento, este governo tem alguma coisa emocional contra a determinadas classes profissionais, professores, enfermeiros, médicos, polícias, etc. É por isso, que os governantes têm colocado estas medidas tão duras, precisamente com o objectivo de "destruir" profissionalmente e pessoalmente as pessoas que exercem essas profissões já de si tão exigentes.
Se o PS voltar a ganhar com maioria absoluta, eles irão espezinhar esses profissionais, impondo-lhes medidas muito duras no seu local de trabalho e afogando-os em impostos de tal forma que os poucos sobreviventes dessas profissões teriam de ser homenageados e louvados por todos os portugueses.
Depois vêm com a "desculpa" dos desempregados, esta crise foi provocada pelos magnatas financeiros do mundo e serve muito bem a governos como o de Portugal que assim pode dar uma esmola aos desempregados e pode continuar a maltratar os que ainda trabalham.
A maioria de nós portugueses pretende pagar uma dívida ao PS e o seu líder Sócrates, por isso, que venham as eleições, pois nós estamos desejosos para a pagar.

2 comentários:

Catarina Ramos Perpétuo disse...

Gostei muito do seu ponto de vista.

José Dourado disse...

Seria óptimo que mais pessoas pensassem como o Luís, actualmente. Eu clamo e faço descaradamente propaganda: votem Bloco de Esquerda (eu sou suspeito) ou votem CDU (não sou sectário do BE).
Está na hora de mudar as coisas, e não apenas as moscas...